domingo, 7 de novembro de 2010

A correnteza

Atravesso a vida como se atravessa um rio:
Seguindo a correnteza...
Seguindo a correnteza, canso-me menos,
Desvio dos obstáculos e percebo as oportunidades de travessia.
Menos cansado, quando chego do outro lado, estou pronto para seguir, imediatamente.
Indo contra a correnteza,
Talvez eu avance um pouco mas,
Quando ceder ao cansaço, sou jogado de volta ao início...
Talvez ainda- e mais certo- eu fique estacionado e, quando cansar,
Seja jogado ainda mais para traz do ponto onde iniciei..
Mas pior: indo contra a correnteza, os obstaculos são jogados em minha fronte e, quer pelo cansaço ou por não percebe-los, não consigo me proteger, nem desviar...
Assim, indo contra a correnteza, a travessia que,quando vislumbrada da margem parecia tão fácil, nunca se concretiza.
Enfim, mais valeria ter abandonado-me à correnteza, sem sequer desviar obstáculos ou vislumbrar atalhos.
A propria correnteza acabaria por depositar-me, mesmo que inerte, do outro lado...